sábado, 18 de junho de 2011

Pobre somos nós que temos sentimentos.


Coloquei uma cadeira em frente a janela, estava chovendo e uma nuvem teimava em ficar, ali, no meio. Logo hoje, no mesmo dia em que fiz de tudo para me encontrar com você. Felizmente aquela mesma nuvem teimosa começava a se afastar, sentia uma alegria insana, me arrumei num passe de mágica, nunca fui tão perspicaz. Quase entornei o perfume na pressa, distribui no pescoço dois jatos, era o suficiente, aliás, usei o mesmo perfume daquele dia, você gostou tanto. Corri até o ponto de ônibus, quase caindo em cada passo que dava, a vontade de chegar era tanta. Vi você imóvel, demorei a me aproximar, tinha tido para mim mesma "não vou me render a você, não vou entrar no seu jogo" tinha tido para os outros "é claro que não gosto dele, ele me fez sofrer demais" E la estava eu, com o coração pulsando, com minhas pernas bambas, por um momento senti meu coração vindo até a garganta, e as borboletas que teimavam em voar em minha barriga. Diacho de borboletas que aparecem na hora errada. Você totalmente calmo com aquela serenidade de dar pavor, aquela paz de causar irritação, era tanta calma que me causava uma certa inveja. Senti seu olhar frio e distante, pensei que estaria feliz em me ver, ou será que só eu fico feliz em te ver? Não queria pensar coisas tristes, só queria pensar nesse encontro, você estava tão alegre ao telefone, nada poderia dar errado, afinal, vim aqui para ouvir um "eu sinto a sua falta" Não vim? Você começava a falar e eu me perdia em cada frase dita, não sei o que houve, só ouvi isso "estou namorando e queria que você fosse a primeira a saber" A primeira a saber? Imbecilidade sua , poderia saber por outras pessoas, não ficaria tão frustrada como estou. Senti minha garganta se fechar, o ar era pouco, meus olhos ardiam feito fogo, meu peito doía, era uma dor tão persistente, não deixei que continuasse, frustração era a palavra certa. Me vi atordoada sendo perseguida por você até a porta do ônibus, não consegui derrubar uma lágrima sequer. Pobre somos nós que temos sentimentos, pobre somos nós que temos coração, pobre somos nós que amamos, que nos doamos. Eu sofri tanto quando estava com você, fui enganada e poucas eram as verdades que saiam da sua boca, você sempre disse que eu era muito pra você, realmente eu começava a concordar, uma pessoa pura como eu nunca poderia ser boa pra você, com essa sua alma porca todas poderiam ser muito pra você. Já estava entardecendo, novamente coloquei uma cadeira em frente a janela, começou a garoar e um friozinho se instalou em meu quarto, aquela mesma nuvem teimou em ficar no mesmo lugar, agora não me importava mais, pois eu estava chovendo também.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Alice No País Das Maravilhas

Sempre a vi com um olhar poético, suave, sutil, um olhar apaixonado, aquele olhar de deixar qualquer um encantado. Nunca a deixei perceber o mesmo. Era um olhar cheio de amor e compaixão. Ao mirar, meus olhos se enchiam de luz, pareciam duas pérolas brilhantes semi-descobertas, eram dois holofotes, os mesmos que iluminavam aquele teatro lotado. Aquele olhar nunca seria visto antes, era único, era dela. Infelizmente ao passar dos dias, semanas e meses o mesmo olhar suave se tornou pesado, cansado, marejado, um olhar crítico. Vivi durante um tempo num mundo de fantasias, quase um "Alice No País Das Maravilhas" Aquele olhar poético passou a ser um olhar trágico, dramático, aterrorizante.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A Falta.

Coração que sofre com a falta, com a ausência daquele perfume doce que exalava desejo. O último encontro foi constrangedor, não sentia aquela sensação de antes, era perceptivél a minha agonia, sabes que odeio esperar, por mais uma vez esperei, parecia que fazias de propósito. Chegaste tão linda com olhar e um falar tão calmo, a tranquilidade era tanta que parecia ironia. Não estavas sozinha, não foi como o nosso primeiro encontro, tentei passar uma imagem de "não eu", calma lendo Clarice Lispector, não que eu não leia, mas parecia complicado ler numa praça de alimentação lotada. A tarde foi tediante e agoniante, esperava os minutos se passarem como quem esperava a dor cessar. Agoniante, apavorante, doloroza e decepcionante tarde, e ainda meu coração sofre com a falta, com a ausência daquele amor que exalava desejo.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sorrateiro


Não andava feliz esses dias, nem sequer um pouco otimista, estava naquela fase da desilusão. Parecia não passar com o tempo e não passava mesmo, estava ali parada, completamente imóvel esperando algo de maravilhoso acontecer. Agora meu coração estava vagando por aí, quem sabe encontraria algo ou alguém, quem sabe o mesmo se perderia e não achasse sua morada, torcia para que isso fosse possível, menos um sofrimento, menos magoa. Mas esse diacho sempre volta. Sorrateiro quase imperceptível, foi se propagando, inundando todo o vazio que havia naquele lugar. Sorrateiro quase imperceptível, você chegou, assim, de mansinho como uma música boa que embala a gente.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Lembranças.

Hoje bateu saudade, saudade até das suas contradições. Não sei, mas por um momento senti teu cheiro, sorri de canto. Me perguntaram o porque da alegria repentina, não soube explicar, você está longe e isso seria motivo de tristeza, mas ainda lembro do seu sorriso, sua boca tão pequena e macia, seus lábios finos, ao mesmo tempo com a capacidade de abrigar minha língua gostosamente. Seus cabelos loiros, levemente ondulados nas pontas, seu rosto angelical, que por sinal, de angelical só lhe sobrava a aparência. Sinto saudade do amor que nos consumia, do fogo que se alastrava com apenas um toque. Na memória guardarei todas essas lembranças, guardarei com gosto e paixão num diário trancado a sete chaves, ou seja, no coração.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

È, menina.

E assim é o destino que não conspira ao nosso favor. Quando olhei em seus olhos e ouvi suas duras palavras, meu coração faleceu, morreu mesmo. Meus olhos cegaram, vi a escuridão, vi mesmo. Sabe aquela sensação de querer se desligar do mundo? Já sentiu aquela vontade de não ser você? Naquele momento eu senti, e ainda sinto. È uma tristeza, menina, é uma magoa. È, você só me decepciona, mas esse amor ainda está guardado, sinto essa coisa boa no meu peito por trás de toda essa dor, é claro. Menina, você me faz te odiar por te amar. Sabe aquela noite naquela praça? Pois é, foi o dia em que eu mais te odiei, nesse mesmo dia eu percebi o quanto te amava, ainda amo, pode apostar! Mas essa dor, menina, tu nunca vai conseguir tirar, nunca. Eu como uma doida apaixonada pedoo tudo, mas essa dor, menina, essa dor não me perdoa.